sábado, 4 de dezembro de 2010

Ficção e Realidade no Rio.

                A ficção virou realidade? Ou será o contrário? De fato, a nossa querida cidade maravilhosa está literalmente pegando fogo, diante do comando de presidiários de alto escalão, atos digamos “terroristas” são praticados na cidade do Rio de Janeiro, são ônibus queimados, carros, motocicletas entre outros, tudo isso a fim de distrair o policiamento, e a atenção de pessoas, afinal de contas só se faz o terror quando não se pode vencer a guerra, conseqüência essa devido à montagem de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP’s), que são verdadeiros batalhões distribuídos em diversas favelas e comunidades da cidade, tomando assim o que de mais precioso o traficante de drogas tem: o território, local onde está o seu poder paralelo. Todo esse episódio visto em jornais, comentários em blog, noticiários televisivos, debates, nos faz refletir a uma série de questões, é o que veremos a seguir.


                Será que de fato as unidades pacificadoras trazem a paz aos moradores da favela? O que acontece é que o tráfico nessa área é suprimido e logicamente junto com ele, os assaltos diminuem, os homicídios, seqüestros, etc. Relatos de moradores, afirmam que agora sim podem viver com dignidade e segurança, até porque não ficariam sobre a ameaça de represálias, mas nós sabemos que o tráfico dali se desloca e atinge outra região.
 

              Você é favor ou não da conversa gravada entre o advogado e o presidiário? Acho que isso ainda deve ser muito debatido na sociedade, por um lado as pessoas de fora estariam mais tranqüilas, pois preso nenhum poderia comandar assassinatos ou atos terroristas através do seu defensor da lei, e por outro quebraria a legitimação da privacidade, sendo a OAB contra essa quebra. Você é a favor da pena de morte? Ah meu amigo! Coisa complicada né?! Se você é religioso “exaltado” nunca concordaria, pelo fato da vida humana pertencer somente a Deus, cabe a ele dá-la ou retirá-la, mas por um lado, havendo a implantação, o índice de criminalidade no Brasil certamente diminuiria.


               Qual o motivo da polícia não ter atingindo o tráfico no Rio de forma objetiva e decisiva já algum tempo atrás? Uma série de fatores explica isso, deve-se ressaltar a tecnologia e o aparato da polícia antigamente, certamente precário para combater uma enorme quantidade de traficantes espalhados e escondidos em um morro de enorme área, cita-se o preconceito entre as polícias, em que uma não se misturava com a outra, a exemplo do BOPE e Polícia Militar, Civil e Forças Armadas principalmente, cujos acreditavam que tal era polícia de fronteira e não deveria estar envolvida nas questões da cidade, fala-se sobre a corrupção entre os policiais que facilitavam o crime organizado, e davam a total assistência com armas, munições e coletes. De fato o governo do Rio não estava firmemente interessado em acabar de vez com o tráfico, o que se fazia era jogar poeira debaixo do tapete através de incursões policiais no morro, e às vezes nem conseguiam, devido ao alto poder de fogo dos criminosos, mas já o tráfico voltava e continuava a mesma situação.


             Qual o motivo do “parcial” sucesso nas invasões do Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro? Claramente muitos responderiam assim: a integração de todas as formas de polícia, Bope, PM, Polícia Civil/Rodoviária/Federal, Marinha, Exército foi o fator crucial para o cerco e a subida do morro, sem essa união nunca se poderia invadir tal local, cenas marcantes aonde vimos tanques anfíbios da Marinha subindo ladeiras e destruindo barricadas nos lembra uma guerra, estado de terror, parece até filme! Inúmeros blindados do Bope, os chamados “Caveirões” e milhares de policiais nas ruas, a posição de atiradores de elite, famílias temerosas em atravessar avenidas, becos, vielas, tudo isso visto por nós em matérias jornalísticas. Mas o porquê do “parcial”? Pelo simples fato de o cerco militar não ter atingido as galerias pluviais e ter deixado escapar até mesmo centenas de traficantes, refugiados agora em setores diversos, afinal de contas, sua grande massa de dinheiro está espalhada em bancos estrangeiros desprovidos da malha fiscal. Outro fator que foi de suma importância foi a integração entre polícia e comunidade, no que se trata do Disque – Denúncia, localizando elementos perigosos, locais de armazenamento de drogas e armas, informando pontos estratégicos de bandidos e até mesmo pedindo a ocupação das forças militares na região.


 Aqui algumas frases e momentos que me chamaram a atenção.

Policial do Bope: “Em 50 balas de rajada de fuzil que eles (os traficantes) dão em desespero pra acertar, nós dá em uma!”


Traficante do alto do morro via rádio: “Nóis tá ligado que tá chegando o nosso fim, nóis vamo morrer, mas num vai ser fácil não, vai morrer poliça!”

Comandante do Bope: “Nós iremos atrás deles custe o que custar!” Frase proferida após a fuga dos traficantes pelas galerias pluviais.

Cenas: Blindados da Marinha e do BOPE subindo o morro; Fuga de centenas de traficantes em caminhonetes e até mesmo correndo de um morro ao outro pela mata; Pai entregando o filho à polícia.
 

Criminoso se entregando a mando da mãe; Atirador de Elite acertando a perna de um traficante em fuga na estrada de chão; Policial se jogando na rua para recuperar o carregador de pistola que havia caído. Entre outros.

                  Muito sensacionalismo por parte das emissoras, também é percebido, a exemplo da Rede Record, que repetia várias vezes uma mesma cena, utilizando edição de imagem, som, seqüência de gravações, repórteres junto aos policiais, etc, e também percebido em outras emissoras nacionais (Globo, Band...), causando assim um grande impacto na sociedade, e que de fato foi! O grande primeiro passo à guerra ao tráfico foi dado! Esse é e fora um exemplo nacional de combate, e que pode ser seguido por muitas outras regiões no planeta.


                    O que me entristece ás vezes, é que a corrupção, pode fracassar todo esse combate ;/, o governo não apaga isso de uma vez porque também é corrupto, policiais são corruptos, delegados são corruptos, juízes são corruptos, pessoas são corrompidas, e a perpetuação do crime continua, mas a esperança é do meu Brasil melhor um dia, livre desse mal!


                   E agora? O que pode acontecer? Traficantes podem mudar de localização, podendo vir até mesmo para o Maranhão, para outros estados, nunca se sabe; O poder das milícias pode aumentar no Rio, sem a presença dos traficantes; A segurança da Copa do Mundo e das Olimpíadas poderá estar condenada; Represálias por parte dos criminosos à população devem existir; Rebeliões em presídios, tudo isso reflete em fatores que afligem a sociedade brasileira.


                   De fato, o tráfico no Rio teve suas pernas quebradas, seu território foi tomado, cerca de 40 toneladas de drogas foram queimadas, cerca de 500 veículos foram recuperados e devolvidos aos verdadeiros donos, grande quantidade de fuzis e outras armas mirabolantes foi apreendida, tinha uma que até surpreende, mira telescópica de alcance de 1 km.

                   Espera-se que a UPP do Complexo do Alemão seja realmente construída para ali suprimir o tráfico, investimento na polícia rodoviária, construção de presídios de segurança máxima, alterações no arcaico código penal, melhores salários aos policiais, quebra do preconceito entre as polícias e passem agora a atuarem juntas, melhoria do índice de desenvolvimento nas favelas, para que crianças ali tenham oportunidades no futuro e não pensem em ser traficantes, integração da polícia e comunidade, fatores esses que levariam diversas pessoas a reconquistarem a tão sonhada paz e a dignidade de viver.

Obs.: Temos que implantar UPP’s em bairros da nossa ilha! Fato! ;]